Blog de crítica e opinião. As droga nas ruas, a corrupção, o desrespeito ao professor, tão freqüentes nos noticiários que raro provocam indignação proporcional à gravidade. Deveriam. Passa despercebido o homem na sarjeta, a ninguém comove. A indignação é contida, fica presa entre paredes. A opinião à qual todos têm direito, essa sim pode provocar reações. Infelizmente, em tempos de pensamentos homogêneos, de omissões de todos os tipos, a opinião geralmente não provoca a reflexão e sim a crítica.
sábado, 7 de junho de 2014
Vândalos
Não fossem os vândalos, os protestos de meados de 2013 teriam maior fôlego. Eles ajudaram a espantar o povo das ruas. Involuntariamente contribuíram com quem combatiam.
Transgênicos
Transgênicos
A
discussão sobre os transgênicos é ideológica? É mercadológica? Ou o quê?
Confesso, sei muito pouco a respeito. Sei, ou é o que me dizem, que a
agricultura tradicional é mais produtiva do que a orgânica, porém a orgânica
obtém melhor preço na venda em função da consciência do consumidor que começa a
se tornar mais exigente com relação ao que consome. Sei, ou é o que me dizem,
que o milho mexicano, produzido a partir de sementes nativas, vem sendo
"contaminado" pelo milho transgênico plantado nos Estados Unidos. O
mesmo, ou semelhante, caso é tratado em artigo da revista Nature ( 29.11.01).
Só
tenho perguntas:Nossa saúde corre riscos? Vamos perder as espécies nativas? Estas têm alguma importância para a biodiversidade? Chegará o dia em que para nos alimentarmos precisaremos comprar sementes de uma ou duas multinacionais? Alguém, em algum lugar deste planeta, reconhece a importância de mariposas, lagartas, moscas, fungos e bactérias?
Grandes erros foram cometidos no passado: Poluição, contaminação, destruição da natureza, desaparecimento de espécies. As pessoas que provocaram essas coisas tinham, muitas vezes, tão fortes argumentos que chegavam a parecer verdades absolutas (lembremos a talidomida). Meu sentimento é de que estão decidindo as nossas vidas sem nos esclarecer suficientemente sobre o que acontece. É o tipo de coisa que precisa ser melhor discutida, temos que saber qual o preço nos será cobrado futuramente e decidir, por nós mesmos, se é este o progresso que queremos.
Corporativismo
Há dias venho
buscando descobrir eventual benefício do corporativismo. O que me ocorre é a
defesa dos interesses quando direitos são ameaçados, ou quando existe a
necessidade de se avançar em alguma questão relevante e se encontra barreira
impedindo (possivelmente outro corporativismo contrário).
A defesa de
interesses legítimos autoriza o corporativismo. A pergunta é: e tais não o são
sempre legítimos? Sim, infelizmente quando do nosso interesse tudo parece
legítimo. E não basta arguir bom-senso, essa infelizmente não é uma expressão que
por si só fará com que as coisas cheguem a bom termo. O bom-senso, tal gênio da
lâmpada, atende todas as vontades do amo. É necessário mais do que isso.
Empatia, sensibilidade, senso de dever, rigor consigo.
Deveria o profissional de qualquer área, o integrante
de qualquer grupo, antes de assim considerar-se pensar em si como cidadão. Este é o sujeito que coloca o bem geral a
frente do pessoal e do corporativo.
Encontrar alguém
assim não é uma busca utópica. Quando admiramos alguém por sua postura e
correção, essa pessoa certamente é o exemplo vivo das possibilidades do ser
humano.
Logo, duas perguntas
me são impostas: Nos últimos dias quantas vezes questionei as vontades dos meus
pares? Quantas vezes, nesse período, tive a impressão de prejuízo pessoal em
favor do bem comum?
As respostas dizem
quem sou.
quarta-feira, 23 de abril de 2014
Boa música
E agora, o
que fazer com aquele rádio que a gente até tem vontade de ligar mas cansa de
procurar por boa música? Não mais que três pontos na escala do rádio, três
estações, ali tenho que encontrar algo para ouvir. O resto, por experiência,
não dá coragem.
Sempre existiram letras de música ruins, fracas. Está
piorando. Em muitos casos fica o sentimento de que o cantor (a figura do
vocalista) é imprescindível, mas a letra não. Na situação atual, mesmo que me
esforçasse muito, seria difícil estabelecer o ranking das piores, por óbvios
motivos.
A vida está
sofrendo um processo de empobrecimento.
Minha
sentença: o que diferencia homens de meninos são as músicas que escutam.
Para não sofrer com o que nos é ofertado, há de se garimpar,
escutar as escassas rádios com programação de qualidade, buscar na web, e
principalmente partilhar as “descobertas”.
Minha contribuição: sugiro pesquisar no Youtube os artistas e
as músicas abaixo, vai que o seu gosto está próximo do meu. Não se espere,
porém, que esteja tudo ao agrado dos apreciadores da boa música. E nem é o
ideal, visto que a pluralidade só é atingida com variados gostos.
A excelente MPB:
Mariana Aydar - Zé do Caroço;
Maria Gadú - A História de Lily Braun.
A exótica Música Turca:
Cafe Anatolia - Gülümcan;
Boas Latinas:
Gustavo Santaolalla – Pajaros;
Malena Muyala - Pena Mulata.
Outras:
Jace Everett - Bad Things;
Lana Del Rey – Ride;
Selah Sue – Raggamuffin;
Justin Cross - Drink the Water;
Nina Simone- I Put Spell On
You;
Herbie Hancock - Cantaloupe
Island.
sábado, 8 de setembro de 2012
Monocultura e diversidade
Monocultura e Diversidade
Monocultura: plantação extensiva de um só produto agrícola. Sinônimo de
grande extensão de terra, muita mecanização e pouca gente trabalhando,
destruição de mata nativa, erosão, assoreamento... Perigo para a vida.
Desmatamento e comercialização da madeira: mão-de-obra mal remunerada,
destruição de mata nativa, erosão, assoreamento... Perigo para a vida.
Aí entrou a ecologia, desenvolvida a partir de idéias de preservação, de consciência da importância da biodiversidade, de amor à natureza.
E o que é a nova monocultura?
O modo de vida de uma comunidade, seus costumes, sua cultura; tudo
ameaçado pela programação que entra nos lares e que diz (de forma sutil ou nem
tanto) como se deve viver.
A nova monocultura é sinônimo de grande produção e consumo de uma pequena
quantidade de itens: existe um tipo de vida a ser copiado, existe a música do
momento, existe a exploração do corpo e... da lágrima. Se algum repórter lhe
perguntar o que você acha, digamos... do nome da sua rua, dê-lhe qualquer
resposta, pode ser cômica, desaforada, cínica... mas responda com lágrimas nos
olhos. Ele irá repetir a pergunta para dezenas de pessoas, mas a sua imagem é a
que será explorada.
A nova monocultura, com a sua grande produção, entope as vias por onde
deveriam fluir as diversas manifestações populares e intelectuais, sufoca e
destrói a diversidade. Ela usa o que é comum (as concessões do Estado) como se
fosse seu, particularizando os lucros mas socializando os danos ao patrimônio
cultural.
Precisamos lutar pela manutenção da diversidade de opiniões, pelo direito
dos gêneros musicais, literários, cênicos, etc. de continuarem a existir. A
diversidade é imprescindível à vida.
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Governos e ideologias
Governos e ideologias
Julian Assange,
fundador, editor e porta-voz do WikiLeaks, site de denúncias, é australiano de
nascimento, porém até pouco tinha cidadania sueca. Julian, desde que publicou
naquele site documentos relacionados com o governo americano e outros vem
sofrendo retaliações, é acusado de
estupro e processo de extradição. Põem em cheque a teoria da liberdade de
imprensa. Sofre pressões das potências e é apoiado por quem? Onde estão os
veementes defensores da tal liberdade? De onde me encontro vejo tímidas
manifestações.
Não conta
com o apoio maciço e engajados de estudantes universitários, em outras épocas
tão atentos às liberdades; ninguém fala em milhares de apoiadores.
O quase silêncio parece
orquestrado, recebe tratamento de problema jurídico entre as partes, embora
ameace nossas liberdades. Mas não apenas isso justifica o pouco apoio, também o
capitalismo, ideologia do acúmulo, reproduz capitalistas, e estamos todos satisfeitos com as possibilidades de
ganhos; nos tornamos, assim, construtores da ideologia. Eu e o leitor poderemos
discordar, mas é o que o mundo acena aos meus sentidos.
Governos e ideologias devem ser
questionados e o WikiLeaks nos dá elementos para
isso. Faz, portanto, bem à sociedade, deve ser apoiado.
Nos ambientes urbanos carneirinhos se prestam a outros
propósitos além de afastar insônias. É dado ao cordeiro acordar do sonho? Não é
o que se espera. Acordar, nesse caso, significa afrontar alguma das leis de
salvaguarda da fauna predadora. Ou aproveitamos a oportunidade, ou somos
rebanho.
Mais do que memorandos, a
situação expõem a perseguição, a caçada, expõem o comportamento deles, dos
lobos.
sábado, 28 de julho de 2012
As Poesias
Onde
estão os poetas, onde está a poesia? Em quantos cadernos se escondem os
pensamentos íntimos de anônimos? Existe poesia nas gavetas. Existe poesia latente
nos pensamentos incapazes de se fazerem letra. Mas também se leva literatura
para a internet e, sabemos, para livros publicados de forma independente ou não.
Versos estão por ai. Novos e veteranos acreditam, fazem e insistem.
Também se encontra poesia em letras
de música. Excluídos os sucessos da estação tem muita coisa boa fora da grande
audiência. É um dos espaços da poesia, ali ela é essencial. E por essencial,
merece aparecer também na forma impressa. Chamo a atenção daquilo que gosto (do
pouco que conheço).
Aqui, trecho de “A Balada do Perdedor”, de Marcelo Nova:
“A noite parece tão promissora, luzes por todo lugar
Decotes, sorrisos, sussurros: cheiro de conquista no ar
E eu aqui sozinho tentando fazer esse isqueiro funcionar
Parando em frente à porta do paraíso, mas sem vontade de entrar
Decotes, sorrisos, sussurros: cheiro de conquista no ar
E eu aqui sozinho tentando fazer esse isqueiro funcionar
Parando em frente à porta do paraíso, mas sem vontade de entrar
Os astros cheiram o pó das estrelas e as trombetas estão
soando
É no céu que se morre de tédio, os anjos estavam blefando
Eu conheci a mais bela vingança, vestida de noiva no altar
Parado em frente à porta do paraíso, mas sem vontade de entrar”
É no céu que se morre de tédio, os anjos estavam blefando
Eu conheci a mais bela vingança, vestida de noiva no altar
Parado em frente à porta do paraíso, mas sem vontade de entrar”
Nem tudo é tão claro. Natural: é poesia, aberta à interpretação.
Lula Côrtes em “O clone” (parcial):
“Fica difícil
Porque isso pra mim não é só um ofício
Eu podia ser político e fazer comício
Mas prefiro dar uma bola e vir cantar
Eu falo tudo
Dou minha opinião sobre esse mundo
Às vezes de tão triste eu vou mais fundo
Exponho a minha alma na bandeja”
Com a “Alma na bandeja”: é assim que o poeta fala de si,
ou de seu personagem.
Trecho de “Não É Céu”, de Vitor Ramil
“Não é céu sobre nós Dele essa noite não veio
E muito menos vai o dia chegar
Se chegar, não é sol
Quem sabe a luz de um cigarro
Que desaba do vigésimo andar”
Alguma
catástrofe profetizada por Vitor Ramil é o espaço onde se dá o apelo para que a
amada fique, não vá embora.
No momento do
menor esforço, do ócio puro, sento e aperto o “Power”. Uma hora em frente ao
rádio pode trazer agradável surpresa. E em tempos de miserabilidade artística e
de pobres rotinas que o horário nobre acentua, vale a pena vasculhar o rádio na
busca de algum sopro de vida criativa.
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