sábado, 7 de junho de 2014

Corporativismo


Há dias venho buscando descobrir eventual benefício do corporativismo. O que me ocorre é a defesa dos interesses quando direitos são ameaçados, ou quando existe a necessidade de se avançar em alguma questão relevante e se encontra barreira impedindo (possivelmente outro corporativismo contrário).
A defesa de interesses legítimos autoriza o corporativismo. A pergunta é: e tais não o são sempre legítimos? Sim, infelizmente quando do nosso interesse tudo parece legítimo. E não basta arguir bom-senso, essa infelizmente não é uma expressão que por si só fará com que as coisas cheguem a bom termo. O bom-senso, tal gênio da lâmpada, atende todas as vontades do amo. É necessário mais do que isso. Empatia, sensibilidade, senso de dever, rigor consigo.
Deveria o profissional de qualquer área, o integrante de qualquer grupo, antes de assim considerar-se pensar em si como cidadão. Este é o sujeito que coloca o bem geral a frente do pessoal e do corporativo.
Encontrar alguém assim não é uma busca utópica. Quando admiramos alguém por sua postura e correção, essa pessoa certamente é o exemplo vivo das possibilidades do ser humano.  
Logo, duas perguntas me são impostas: Nos últimos dias quantas vezes questionei as vontades dos meus pares? Quantas vezes, nesse período, tive a impressão de prejuízo pessoal em favor do bem comum?

As respostas dizem quem sou.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Boa música


           
            E agora, o que fazer com aquele rádio que a gente até tem vontade de ligar mas cansa de procurar por boa música? Não mais que três pontos na escala do rádio, três estações, ali tenho que encontrar algo para ouvir. O resto, por experiência, não dá coragem.
Sempre existiram letras de música ruins, fracas. Está piorando. Em muitos casos fica o sentimento de que o cantor (a figura do vocalista) é imprescindível, mas a letra não. Na situação atual, mesmo que me esforçasse muito, seria difícil estabelecer o ranking das piores, por óbvios motivos.
            A vida está sofrendo um processo de empobrecimento.
            Minha sentença: o que diferencia homens de meninos são as músicas que escutam.
Para não sofrer com o que nos é ofertado, há de se garimpar, escutar as escassas rádios com programação de qualidade, buscar na web, e principalmente partilhar as “descobertas”.  
Minha contribuição: sugiro pesquisar no Youtube os artistas e as músicas abaixo, vai que o seu gosto está próximo do meu. Não se espere, porém, que esteja tudo ao agrado dos apreciadores da boa música. E nem é o ideal, visto que a pluralidade só é atingida com variados gostos.
A excelente MPB:
Mariana Aydar - Zé do Caroço;
Maria Gadú - A História de Lily Braun.
A exótica Música Turca:
Cafe Anatolia - Gülümcan;
Boas Latinas:
Gustavo Santaolalla – Pajaros;
Malena Muyala - Pena Mulata.
Outras:
Jace Everett - Bad Things;
Lana Del Rey – Ride;
Selah Sue – Raggamuffin;
Justin Cross - Drink the Water;
Nina Simone- I Put Spell On You;
Herbie Hancock - Cantaloupe Island.



sábado, 8 de setembro de 2012

Monocultura e diversidade


Monocultura e Diversidade
Monocultura: plantação extensiva de um só produto agrícola. Sinônimo de grande extensão de terra, muita mecanização e pouca gente trabalhando, destruição de mata nativa, erosão, assoreamento... Perigo para a vida.
Desmatamento e comercialização da madeira: mão-de-obra mal remunerada, destruição de mata nativa, erosão, assoreamento... Perigo para a vida.
Aí entrou a ecologia, desenvolvida a partir de idéias de preservação, de consciência da importância da biodiversidade, de amor à natureza.
E o que é a nova monocultura?
O modo de vida de uma comunidade, seus costumes, sua cultura; tudo ameaçado pela programação que entra nos lares e que diz (de forma sutil ou nem tanto) como se deve viver.
A nova monocultura é sinônimo de grande produção e consumo de uma pequena quantidade de itens: existe um tipo de vida a ser copiado, existe a música do momento, existe a exploração do corpo e... da lágrima. Se algum repórter lhe perguntar o que você acha, digamos... do nome da sua rua, dê-lhe qualquer resposta, pode ser cômica, desaforada, cínica... mas responda com lágrimas nos olhos. Ele irá repetir a pergunta para dezenas de pessoas, mas a sua imagem é a que será explorada.
A nova monocultura, com a sua grande produção, entope as vias por onde deveriam fluir as diversas manifestações populares e intelectuais, sufoca e destrói a diversidade. Ela usa o que é comum (as concessões do Estado) como se fosse seu, particularizando os lucros mas socializando os danos ao patrimônio cultural.
Precisamos lutar pela manutenção da diversidade de opiniões, pelo direito dos gêneros musicais, literários, cênicos, etc. de continuarem a existir. A diversidade é imprescindível à vida.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Governos e ideologias


Governos e ideologias




                Julian Assange, fundador, editor e porta-voz do WikiLeaks, site de denúncias, é australiano de nascimento, porém até pouco tinha cidadania sueca. Julian, desde que publicou naquele site documentos relacionados com o governo americano e outros vem sofrendo retaliações, é  acusado de estupro e processo de extradição. Põem em cheque a teoria da liberdade de imprensa. Sofre pressões das potências e é apoiado por quem? Onde estão os veementes defensores da tal liberdade? De onde me encontro vejo tímidas manifestações.
            Não conta com o apoio maciço e engajados de estudantes universitários, em outras épocas tão atentos às liberdades; ninguém fala em milhares de apoiadores.
O quase silêncio parece orquestrado, recebe tratamento de problema jurídico entre as partes, embora ameace nossas liberdades. Mas não apenas isso justifica o pouco apoio, também o capitalismo, ideologia do acúmulo, reproduz capitalistas, e estamos todos satisfeitos com as possibilidades de ganhos; nos tornamos, assim, construtores da ideologia. Eu e o leitor poderemos discordar, mas é o que o mundo acena aos meus sentidos.
            Governos e ideologias devem ser questionados e o WikiLeaks nos dá elementos para isso. Faz, portanto, bem à sociedade, deve ser apoiado.
Nos ambientes urbanos carneirinhos se prestam a outros propósitos além de afastar insônias. É dado ao cordeiro acordar do sonho? Não é o que se espera. Acordar, nesse caso, significa afrontar alguma das leis de salvaguarda da fauna predadora. Ou aproveitamos a oportunidade, ou somos rebanho.
Mais do que memorandos, a situação expõem a perseguição, a caçada, expõem o comportamento deles, dos lobos.

sábado, 28 de julho de 2012

As Poesias


          Onde estão os poetas, onde está a poesia? Em quantos cadernos se escondem os pensamentos íntimos de anônimos? Existe poesia nas gavetas. Existe poesia latente nos pensamentos incapazes de se fazerem letra. Mas também se leva literatura para a internet e, sabemos, para livros publicados de forma independente ou não. Versos estão por ai. Novos e veteranos acreditam, fazem e insistem.
            Também se encontra poesia em letras de música. Excluídos os sucessos da estação tem muita coisa boa fora da grande audiência. É um dos espaços da poesia, ali ela é essencial. E por essencial, merece aparecer também na forma impressa. Chamo a atenção daquilo que gosto (do pouco que conheço).
           
Aqui, trecho de “A Balada do Perdedor”, de Marcelo Nova:
“A noite parece tão promissora, luzes por todo lugar
Decotes, sorrisos, sussurros: cheiro de conquista no ar
E eu aqui sozinho tentando fazer esse isqueiro funcionar
Parando em frente à porta do paraíso, mas sem vontade de entrar
Os astros cheiram o pó das estrelas e as trombetas estão soando
É no céu que se morre de tédio, os anjos estavam blefando
Eu conheci a mais bela vingança, vestida de noiva no altar
Parado em frente à porta do paraíso, mas sem vontade de entrar”

Nem tudo é tão claro. Natural: é poesia, aberta à interpretação.

Lula Côrtes em “O clone” (parcial):
“Fica difícil
Porque isso pra mim não é só um ofício
Eu podia ser político e fazer comício
Mas prefiro dar uma bola e vir cantar
Eu falo tudo
Dou minha opinião sobre esse mundo
Às vezes de tão triste eu vou mais fundo
Exponho a minha alma na bandeja”

Com a “Alma na bandeja”: é assim que o poeta fala de si, ou de seu personagem.

Trecho de “Não É Céu”, de Vitor Ramil

“Não é céu sobre nós
Dele essa noite não veio
E muito menos vai o dia chegar

Se chegar, não é sol
Quem sabe a luz de um cigarro
Que desaba do vigésimo andar”


            Alguma catástrofe profetizada por Vitor Ramil é o espaço onde se dá o apelo para que a amada fique, não vá embora.
            No momento do menor esforço, do ócio puro, sento e aperto o “Power”. Uma hora em frente ao rádio pode trazer agradável surpresa. E em tempos de miserabilidade artística e de pobres rotinas que o horário nobre acentua, vale a pena vasculhar o rádio na busca de algum sopro de vida criativa.  

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Restringindo a vida

Soube de alguém que teria cedido pequeno espaço de terra a família que dela precisava. Chamou a atenção o fato de que depois de alguns anos um caso de bondade fora traduzido como vínculo empregatício na justiça. Alguém perguntaria: Afinal, como a justiça enxerga a fraternidade? Sim, seria revoltante. Porém, antes da revolta é prudente conhecer os fatos. Concordo, no entanto, que a sociedade pensa, cada vez mais, em termos jurídicos e restringe as filosofias a lucro e prejuízo, por tais aspectos se deixam conduzir. Mas a vida não é só isso, a vida é humana, complexa, precisa ficar ao alcance do cidadão, para que ele a resolva com criatividade. Reduzi-la e empobrece-la. 

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O tempo


Titus Maccius Plautus


Os deuses instilam ansiedade no primeiro homem que descobriu como distinguir as horas.
Produziram, também, ansiedade naquele que neste lugar construiu um relógio de sol, para cortar e picar meus dias tão desgraçadamente em pedacinhos!